domingo, 9 de setembro de 2012

Desgosto.

Eu quero gritar para o mundo que eu não gosto de você e dessas suas manias que fazem eu ter nojo de você, que fazem eu ter nojo de mim mesma por estar com você.
Sua maldita mania de jogar seu tênis imundo no meio do meu quarto bagunçado, o jeito bruto com que você me puxa pra perto de você me forçando para um beijo, a maneira com que você toca o meu corpo tornando-o nada mais do que um pedaço de carne fresca.
Toda noite eu estremeço ao pensar que vou te encontrar, que vou sorrir para as suas manias desagradáveis e suportá-las apenas pelo fato de ter alguém ao meu lado, essa minha mania de geminiana de querer sempre estar perto de alguém ainda vai acabar comigo, ainda vai me fazer cair e me fazer sofrer, mas enquanto eu tiver você, eu sei que vou sobreviver. Não importam mais as suas manias, os seus olhares, a suas conversas, os seus toques, só importa a sua presença para que meu espírito se acalme e se encha.
Eis o ego, nojento, repugnante e desagradável, assim como você, assim como eu, assim como nosso amor.

domingo, 1 de julho de 2012

Quanto custa? Vou levar.

Sinto saudade da fase da minha vida em que eu perdia canetas e não amores, era tudo tão simples, era só comprar uma nova no bazar da esquina, mas e os amores? Já perguntei para a dona do bazar se ela poderia vender-me algum, ou até mesmo alguns para eu guardar em caso de perde-lo novamente, mas tudo que ela fez foi olhar-me com olhar de reprovação e dar uma leve risada sarcástica. Fui embora, sem o meu amor.
Agora minhas canetas se acumulavam aos montes enquanto meu quarto era vazio, tão vazio quanto a solidão da minha cama sem o meu amor, sem o seu amor.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Discurso.

Amanhã vou cair num daqueles clichês que qualquer pessoa sofre todo ano, amanhã será o dia em que eu mais encontrarei meus amigos, amigos? Não se importam comigo o ano inteiro, nem ao menos me ligam pra dizer um oi e amanhã, bom.. amanhã eles ligarão. Desejarão que minha vida seja ótima, que eu encontre um bom rapaz para amar, que eu tenha saúde, que eu consiga um emprego, enfim.. desejarão. Queria eu não ter que aturar toda essa hipocrisia, isso pode parecer o discurso de uma antissocial que não quer receber ligações, pelo menos foi o que minha vó me disse, mas não, isso é apenas o discurso de alguém que não entende porque sempre uma vez ao ano, todo ano, as pessoas tem que agir assim, falam comigo como se me vissem todo dia, como se fossemos íntimas, como se realmente se importassem comigo.
Pois é, parabéns pra mim e que meu ego seja alimentado.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ad(eu)s

Não sei o que aconteceu, de repente eu estou em um enorme bloqueio, artístico, emocional e espiritual. As palavras não são ditas da forma que eu desejo, meus sentimentos não são mais os mesmos, eu não sou mais a mesma. Isso já vem acontecendo à alguns meses, depois daquele dia em que conversamos sobre o nosso futuro sem futuro e você me deu um último beijo, as vezes fico pensando que nesse beijo você levou minha alma e minha inspiração, pode parecer loucura, é loucura, mas eu sinto como se você tivesse sugado o melhor de mim e levado contigo, sei lá pra onde.
Agora eu tenho que seguir em frente, mas como? Se não tenho nem mais a mim mesma.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ausente.

Enfim é saudade, eu devo admitir. Saudade de ti e do teu livro de arte renascentista, ou será que tenho apenas saudade do livro? Eu já não sei mais, apenas seguimos nossos caminhos, que por mais irônico que seja, são os mesmos caminhos. Estamos caminhando lado a lado ainda, mas nunca estivemos tão longe, tão distantes. Eu ainda te vejo na mesma cafeteria, no mesmo sebo, na mesma sala de cinema, no mesmo bar. Seus lugares favoritos são meus lugares favoritos, meus lugares favoritos são seus lugares favoritos. Não sei se é melhor ou se é pior, te ver assim tão constantemente, tão presente. Você é o ausente mais presente em minha vida, eu sempre dizia e você não me compreendia. Já agora, você é o presente mais ausente, será que pode me ouvir? É claro que pode, você está logo alí, a poucos passos de mim, enquanto eu tento ficar a quilômetros de você e tento te manter apenas como uma saudade, uma vontade.

sábado, 12 de maio de 2012

Eu e um quarto de você, com você.

Hoje eu acordei meio assim, meio com saudade de você, do seu cabelo cacheado todo bagunçado, dos seus óculos irregulares que você usa pela manhã, do vãozinho entre os dentes da frente que você tanto odeia, do seu cheiro constante de café e cigarro, das suas gargalhadas escandalosas que fazem todos olharem para você, da sua voz falhando quando falava que me amava, da careta que você fazia pra me fazer rir depois de uma discussão, do seu suéter azul marinho com marca da ponta do cigarro na manga, das suas pintinhas no pescoço, da sua mão gelada no meu corpo quente.
Hoje eu acordei meio assim, meio querendo você por inteiro.

sábado, 5 de maio de 2012

Ele, nós, eu, nós.

Eu sou de gêmeos, ele de capricórnio. Ele sempre fala sobre economia, eu sobre arte. Eu tomo vinho, ele cerveja sem álcool. Ele ouve Nirvana, eu Chico Buarque. Eu sonho com uma carreira promissora, ele com o nossos futuros 2 filhos. Ele gosta do azul, eu do laranja. Eu gosto de banho quente, ele de banho frio. Ele dorme do lado direto da cama, eu do esquerdo. Eu acordo cedo, ele depois do meio-dia. Ele lê o jornal, eu a biografia do Andy Wahrol. Eu sinto frio nas mãos, ele nos pés. Ele me ama, eu também o amo.